São Domingos de Gusmão, Ex-voto, Séc. XVIII

Características técnicas

Madeira recortada, em uma só parte, mas tinha moldura suposta; policromia em tons escuros (muito danificada).

Características estilísticas

Ex-voto de cunho popular, datável do século XVIII, originário de Minas Gerais.

Características iconográficas/ornamentais

Domingos de Gusmão foi o fundador da Ordem de São Domingos ou dos Frades Pregadores (Dominicanos). Nasceu na Espanha, em Calahorra, em torno de 1172 e faleceu em Bolonha em 1221. Aos 25 anos professou como clérigo regular segundo a regra de Santo Agostinho. Pregou contra os Albigenses na cruzada dirigida a estes entre os anos de 1209 e 1213. Depois obteve do Papa Honório III a autorização para fundar a Ordem que lhe viria a dar fama (1216). Antes de morrer, ainda fundou a Ordem Terceira. Foi canonizado em 1234. Iconografia - Veste o hábito preto e branco da sua Ordem, com túnica, escapulário, capa e capuz. Aqui tem por atributo somente o livro da regra. Mas outros atributos lhe são comuns, como a estrela brilhante vermelha sob a fronte, um cão com uma tocha na boca, acompanhando de um globo terrestre, a cruz de duplo travessão dos fundadores e ainda um rosário, cuja devoção teria sido, segundo a tradição da Ordem, instituída pelo santo. Em Minas Gerais suas representações são comuns nas igrejas de Nossa Senhora do Rosário, em pinturas de teto onde o santo aparece recebendo de Nossa Senhora o rosário. (1) e (2)

Dados históricos

Não foram localizados dados específicos sobre o objeto. O ex-voto é o registro de um “milagre” ou graça alcançada através de santo ou de uma entidade divina. O termo deriva do latim “tabulae Votivae”, já sendo conhecido desde a Grécia antiga. No Brasil, eram denominadas comumente de “quadro de milagres” ou apenas por “milagres”, popularizando-se, principalmente, sob a forma de tábuas votivas. Essa tradição foi bastante cultivada em Minas Gerais. Nos séculos XVIII e XIX não havia capelas ou igrejas que não tivesse um conjunto de ex-votos, com pinturas regionais elaboradas de maneira despretensiosa e pitoresca, ou mesmo de cunho erudito. A sua tipologia, em Minas Gerais, repete a ibérica, distribuída em três planos: na parte inferior, a inscrição (ou legenda) com o nome do miraculado, as circunstâncias e a data em que ocorreu o milagre; ao centro, a figura do miraculado em seu quarto, preferencialmente deitado em posição pré-mortuária; na parte superior, a visão com a representação da divindade propiciadora da graça. (3)

Referências bibliográficas/arquívisticas

ROIG, Juan Ferrando. Iconografía de los Santos. Barcelona, Ediciones Omega, 1950.

TAVARES, Jorge C. Dicionário de Santos. Porto, Lello & Irmão – Editores, 1990.

Promessa e Milagre no Santuário Bom Jesus de Matozinhos. Brasília, Publicações do SPHAN (no 34), 1981.